Como o Método Montessori apoia a alfabetização na idade certa
- Comunicação Mangalô

- 6 de nov.
- 5 min de leitura
A alfabetização é um direito fundamental, mas ainda um desafio no Brasil. O Indicador Criança Alfabetizada mostrou que apenas 59,2 % das crianças de escolas públicas estavam alfabetizadas ao fim do 2º ano do ensino fundamental em 2024, uma leve melhora em relação a 2023 (56 %), segundo GOV.br. A meta do governo é alcançar 64 % em 2025 e 80 % até 2030. Estados como Ceará (85,3 %), Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo já superaram o índice mas eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul fizeram o indicador cair para 44,7 %, como relatado na matéria do portal GOV do link anterior. A pandemia, desigualdades regionais e escassez de recursos são fatores apontados em relatórios independentes, como o do Instituto Ramacrisna.
Diante desse cenário, conversar sobre alfabetização “na idade certa” exige olhar para a ciência do desenvolvimento humano e para abordagens pedagógicas que respeitam o ritmo das crianças. O método Montessori traz uma perspectiva singular: a alfabetização não acontece por repetição mecânica, mas pela descoberta espontânea da linguagem num ambiente preparado e rico em interações.
“A criança não é ensinada a ler e escrever ~ ela descobre que pode.”

Período sensível para a linguagem: onde começa a alfabetização
Maria Montessori observou que, dos 0 aos 6 anos, as crianças vivem o primeiro plano de desenvolvimento, marcado pela mente absorvente. Nesse período, elas captam naturalmente a linguagem ao seu redor e passam por um período sensível para a linguagem, no qual há intensa curiosidade por sons e palavras. Diferentemente de métodos tradicionais, a alfabetização montessoriana começa muito antes do ensino formal, quando a criança ainda explora o mundo pelos sentidos: ouvir histórias, conversar olho no olho, nomear objetos e partes do corpo, cantar e brincar com rimas. Essa imersão prepara o sistema nervoso para a leitura e escrita.
Um outro fator que contribuirá no futuro para a escrita, é o desenvolvimento motor que já começa a ser aperfeiçoado no toddler.
Materiais montessorianos que promovem a linguagem
1. Letras de lixa (sandpaper letters)
As letras de lixa são tábuas de madeira com letras de lixa que a criança toca e traça com os dedos. Essa experiência multissensorial: visual, tátil e auditiva (quando o adulto pronuncia o som), ajuda a formar a ligação entre fonema e grafema e desenvolve a coordenação motora para a escrita.
2. Alfabeto móvel (moveable alphabet)
O alfabeto móvel é um conjunto de letras móveis (aqui as estão consoantes em azul e as vogais em vermelho), organizado em caixas. Ele é introduzido geralmente entre 4 e 6 anos, quando a criança já domina os sons iniciais. Por meio dele, a criança “escreve” antes de saber ler, formando palavras e frases com as letras, o que a ajuda a compreender a estrutura das palavras e as combinações sonoras. Posteriormente, o adulto lê as palavras criadas, despertando a consciência de que aquilo que ela construiu é leitura.
3. Materiais de vida prática e sensoriais
O ambiente montessoriano do Preschool (3‑6 anos) também trabalha a coordenação motora grossa e fina, preparando para a escrita. Atividades como transferir grãos com pinças, descascar frutas ou costurar desenvolvem força e precisão nas mãos. Estudos mostram que exercícios multissensoriais e lúdicos, como enrolar massas, brincar com conta‑gotas ou traçar letras com giz, ajudam no desenvolvimento da motricidade e da percepção de letras.
Como acontece a transição para o Elementary (6‑9 anos)
Ao completar 6 anos, as crianças passam para a classe Elementary. Elas chegam com uma base da correspondência entre fonemas e grafemas, familiaridade com o alfabeto móvel e interesse crescente pela escrita.
É nesse momento que a leitura e a escrita se consolidam de fato: a criança começa a registrar suas próprias atividades, a ampliar o vocabulário e a compreender a estrutura da língua de forma mais profunda.
Na nova sala, convivem com colegas mais experientes, o que estimula a curiosidade e o desejo de aprimorar suas habilidades. É o momento de aprofundar a gramática, explorando os materiais montessorianos que apresentam substantivos, artigos, adjetivos, verbos e advérbios como partes vivas da linguagem — não como algo a decorar, mas a descobrir. Assim, a criança investiga como as palavras se relacionam nas frases e aplica seus conhecimentos em projetos de escrita criativos e significativos.
Fatores indiretos que influenciam a aprendizagem
Mesmo em um ambiente preparado, aspectos físicos e emocionais impactam o aprendizado. Pesquisas científicas oferecem subsídios para cuidar da criança de forma integral:
Energia e nutrição – Dietas pobres em frutas, vegetais e peixes e ricas em fast food e açúcar estão associadas a pior desempenho cognitivo e acadêmico; uma boa alimentação, combinada a atividade física e sono adequado, fornece condições ideais para o desenvolvimento cerebral. O cérebro humano é composto por 50%-70 % de água, e uma desidratação leve (2 % do peso corporal) reduz a atenção, memória e humor, especialmente em crianças.
Sono – A qualidade, quantidade e regularidade do sono influenciam tarefas que exigem atenção, memória e raciocínio (se isso tem grande peso nas nossas rotinas, da vida adulta, imagina o efeito nas crianças); crianças que dormem pouco tendem a apresentar dificuldades de aprendizagem e comportamento. Tente criar rotinas mais tranquilas no final da tarde e promover um ambiente relativamente calmo, sem telas, que favoreça o descanso da mente.
Emoções e stress – A exposição prolongada a stress, sem apoio de adultos, compromete o desenvolvimento de áreas cerebrais ligadas à linguagem e atenção, prejudicando o desempenho escolar. Pesquisadores também alertam que altos níveis de stress e humilhação - ainda que leves - dificultam a concentração e a recuperação de memórias. Relacionamentos seguros e acolhedores protegem contra esses efeitos. Esses dados incríveis estão em uma pesquisa de Harvard e você pode ler mais sobre clicando aqui.
Adequação das atividades – Atividades muito difíceis ou apresentadas fora do momento de prontidão geram frustração. No Montessori, o adulto observa para introduzir cada material no tempo adequado, respeitando o ritmo individual.
Estímulo motor do macro ao micro – Antes de pegar no lápis, a criança precisa explorar movimentos amplos (correr, pular, subir em árvores) e atividades de vida prática que fortalecem punhos e dedos. Como sugerem as práticas montessorianas, experiências multissensoriais e lúdicas facilitam a transição para habilidades motoras finas.
Desafios e soluções para a alfabetização no Brasil
Embora o cenário nacional mostre avanços, os desafios da alfabetização no Brasil ainda passam por questões profundas: diferenças regionais, desigualdade de acesso a materiais de qualidade e a importância da formação contínua de educadores.
Na Mangalô, acreditamos que cada escola pode contribuir ao seu modo - criando ambientes de aprendizado vivos, que despertem o prazer pela leitura e pela escrita desde cedo. Pequenas práticas diárias, como permitir que a criança escreva seus próprios registros, explore sons e palavras com liberdade e receba apoio emocional durante o processo, fazem grande diferença na trajetória de cada leitor em formação
Conclusão
A alfabetização, para nós, é um convite: a enxergar o potencial da criança como alguém que constrói seu próprio conhecimento.
Para entender como esse processo começa de forma leve e concreta nas salas da Mangalô, assista a uma das atividades que despertam o interesse pelas letras desde cedo:
No método Montessori, cada letra descoberta é um passo de autonomia, e cada palavra escrita é um traço da identidade que floresce.
Quando o aprendizado acontece com sentido e respeito ao ritmo de cada um, o resultado vai além da leitura e da escrita ~ é a formação de seres humanos curiosos, confiantes e apaixonados por aprender.
Cada criança aprende de um jeito e é isso que torna o processo tão bonito.
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